Casos de sífilis foram relatados muito pouco devido a testes inadequados durante o período de pandemia

A situação epidemiológica da sífilis no Rio Grande do Norte preocupa gestores de saúde, e a oferta de testes rápidos nos serviços de saúde foi reduzida significativamente em todas as regiões de saúde do país desde o início da nova pandemia do coronavírus.

“Esse fato é preocupante porque a sífilis é considerada uma epidemia devido ao grande número de casos, e a falta de diagnóstico e tratamento oportunos implica riscos à saúde, além de promover a manutenção da cadeia de transmissão da doença. A sífilis, considerada uma infecção bacteriana sistêmica, crônica e curável, é exclusiva do homem ”, explica Juliana Soares, responsável técnica pelo Programa Estadual de DST, Aids e Hepatites Virais.

Como fator que chama a atenção, ele aponta a existência desses municípios, ou seja, aqueles que não notificaram casos de sífilis nos primeiros oito meses de 2020, mas que a ocorrência da doença é conhecida e tem alta prevalência nos territórios.

Para ter uma visão geral da situação atual da doença, o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis / AIDS e Hepatite Viral realizou uma análise epidemiológica dos casos confirmados de sífilis adquirida, sífilis na gravidez e sífilis congênita no RN, e os dados preliminares são registrados de janeiro a abril. Em 2020, foram registrados 505 casos de sífilis adquirida, 589 casos de sífilis em gestantes e 307 recém-nascidos, que adquiriram sífilis congênita por transmissão vertical (da mãe para o bebê).

A pandemia Covid-19 trouxe diversos desafios às políticas de saúde voltadas para a doença, que devem ser desenvolvidas pelos municípios, com o apoio da Sesapa. “Desde março de 2020, houve uma redução significativa na realização de exames de sífilis em gestantes e nas parcerias sexuais em todas as regiões de saúde do país. Com a volta gradativa dos serviços de saúde em julho, observou-se ligeiro aumento na realização de testes rápidos em algumas regiões do estado. É importante ressaltar que a sífilis é uma epidemia e que as ações de combate a essa doença devem ser permanentes ”, afirmou Juliana Soares.

Ações

O programa estadual de doenças sexualmente transmissíveis, Aids e hepatites virais tem fortalecido estratégias de combate à sífilis no país, tomando medidas de combate à doença, como pesquisas em municípios que ainda não descentralizaram a entrega de penicilina na atenção básica, para que os serviços possam oferecer tratamento adequado e oportuno por meio de ações educativas permanentes para os profissionais e sensibilização dos gestores municipais sobre a importância do diagnóstico e tratamento da sífilis na APS; um pacto pelo atendimento às parcerias sexuais em maternidades para diagnóstico e tratamento oportuno, com o fortalecimento do envolvimento e participação das parcerias sexuais durante o pré-natal, parto e puerpério; elaboração de boletins epidemiológicos trimestrais, priorizando o monitoramento contínuo e sistemático dos indicadores epidemiológicos e operacionais; preparação de notas técnicas; visitas técnicas a maternidades, entre outras.

O estado também tem uma campanha nacional “Eu sei. Você sabe? ”, Promovido pelo Ministério da Saúde e conduzido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (UFRN / Funpec). A iniciativa no RN promove conversas por meio do perfil “Sífilis no” nas redes sociais administradas pela UFRN. O projeto é dirigido à população mais jovem e visa informar e promover debates sobre prevenção e cuidados de infecções através de plataformas online.

Transmissão, diagnóstico e tratamento

As principais vias de transmissão da sífilis são o contato sexual sem preservativo e a transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gravidez). O diagnóstico é feito principalmente por testes rápidos, considerados práticos e de fácil execução. “A vantagem deles é que são feitos durante a consulta, em geral, em 30 minutos o resultado sai e permite o tratamento imediato. Os testes rápidos são gratuitos e estão disponíveis nos serviços públicos de saúde ”, explica Juliana Soares. A benzilpenicilina benzatina (penicilina) é o principal fármaco utilizado no tratamento.

Como não existe vacina contra a sífilis e a infecção não oferece imunidade protetora, as pessoas podem se infectar novamente, tornando a prevenção ainda mais importante. “Essa doença continua sendo um problema de saúde pública de grande importância porque, se não tratada precocemente, pode evoluir para uma doença crônica e comprometer vários órgãos do corpo, com consequências irreversíveis e duradouras”.

A maioria das pessoas com sífilis é assintomática; quando apresentam sinais e sintomas, muitas vezes não os percebem ou avaliam e podem, sem saber, transmitir a infecção aos seus parceiros sexuais. Se não for tratada, a sífilis pode progredir para formas mais graves, afetando principalmente os sistemas nervoso e cardiovascular. Na gravidez, a sífilis pode ter consequências graves, como aborto, parto prematuro e morte do bebê.

Sífilis congênita: a eliminação é dever de todos

No caso das gestantes, a única forma de prevenir a transmissão da doença ao bebê no útero materno (transmissão vertical) é o tratamento durante a gravidez. No entanto, dados da Sesapa mostram que 49,8% das gestantes com diagnóstico de sífilis foram diagnosticadas no 3º trimestre de gestação. Esses dados sugerem um diagnóstico tardio da doença e possíveis chances de transmissão da sífilis a uma criança. “A única forma de prevenir a transmissão da sífilis de mãe para bebê é o diagnóstico oportuno e o tratamento adequado durante o pré-natal. O surgimento da transmissão vertical da sífilis revela que essa epidemia não está longe de ser controlada nos territórios, o que representa um grande desafio para gestores e profissionais de saúde no que se refere à eficácia das medidas de combate / eliminação da sífilis congênita.

Em 2020, até agosto, 589 casos de sífilis foram registrados em mulheres grávidas e 307 recém-nascidos adquiriram a doença no abdômen da mãe.

No período de 2011 a 2019, observa-se que a taxa de incidência da sífilis congênita aumentou 2,6 vezes, passando de 5,2 para 13,9 casos por mil nascidos vivos; a taxa de detecção de sífilis em gestantes aumentou 5,5 vezes, passando de 3,9 para 21,6 casos por mil nascidos vivos.

A Sesap também emitiu um nota com recomendações em conexão com a sífilis no estado.

Fonte: Ascom SES / RN

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