Parlamento debate hoje 5G em Portugal. O que está na mesa? – Telecomunicações

Esta sexta-feira, o tema do desenvolvimento de 5G em Portugal regressa à Assembleia da República, onde vão ser debatidas as propostas apresentadas pelos principais partidos: PSD, PCP, Bloco de Esquerda e CDS-PP.

A discussão ocorre num momento em que a Anacom ainda não publicou o regulamento final do leilão de frequências, e não há data para o início do processo. A pandemia COVID-19 deslizou todo o calendário e já se presume que a atribuição de frequências só aconteça em 2022, o que significa que Portugal não cumpre os objetivos definidos pela União Europeia que indicam que cada país deve ter pelo menos uma cidade com 5G ainda em 2020.

Operadoras pedem mudanças de prioridades, como defendeu Alexandre Fonseca na semana passada, e Governo quer cooperação e uma revisão do regulamento, mas ainda não há luz verde sobre como o processo continuará. Regulamento que está a causar constrangimento aos principais operadores, e no caso da Vodafone, pode nem participar do leilão, se a Anacom mantiver as regras do jogo como são conhecidas até agora.

Relativamente às propostas apresentadas pelos principais partidos, PSD, PCP, CDS-PP e Bloco de Esquerda, existem algumas divergências de ideias, mas existe uma harmonia no investimento no interior e territórios menos favorecidos. Conheça em detalhes as propostas partidárias que serão discutidas no Parlamento.

PSD quer incentivos para operadoras investirem no interior e em territórios escassamente povoados

Não documento que o PSD deu entrada no Parlamento, as medidas dão prioridade à implementação de redes 5G, especialmente em territórios de baixa densidade populacional. “É importante garantir condições de igualdade de acesso às populações e empresas, e a manutenção da coesão do território tantas vezes subordinado, não deixando as divisões territoriais, o fosso tecnológico e com ele as desigualdades entre os cidadãos nacionais”, destacam os deputados do Bancada parlamentar do PSD, reforçando que os territórios excluídos do 5G já não são atrativos para viver e trabalhar, sob pena de despovoamento.

Para o PSD, o incentivo deve ser dado às operadoras que priorizem os investimentos em territórios de baixa densidade populacional.

O partido demonstra sérias preocupações entre a “manifesta desarticulação” entre o Governo e a Anacom no que diz respeito ao desenvolvimento e conclusão do processo de atribuição de licenças para 5G. Na sua proposta, para que o calendário não sofra mais atrasos, o Governo deveria explorar a experiência dos restantes Estados-Membros que estão mais avançados no processo.

PCP quer estimular uma concorrência leal e um serviço público e universal de telecomunicações em Portugal

A PCP defende um serviço público e universal de telecomunicações em Portugal. O Partido Comunista sublinha que, com a privatização do PT, o Estado passou aos grupos económicos privados toda a actividade operacional, limitando-se a regular, estimular, financiar e garantir a “concorrência leal” entre os operadores privados. O partido defende que este modelo, estimulado pela União Europeia, não serve os interesses nacionais, mas apenas os grandes grupos económicos, que “muitos confundem com o interesse nacional”.

Como consequência desta política, aponta para a inexistência de um plano de acesso universal, destacando as regiões excluídas do acesso às comunicações eletrónicas. Para além do alto preço que os portugueses estão a pagar pelos serviços.

Neste contexto, o CFP propõe apostar na reconstrução do operador público e num serviço público de telecomunicações que garanta uma oferta de comunicações de qualidade e acessível. Com isso, é cancelada a licitação de direito de uso do domínio público do espectro, com gestão e exploração públicas, desenvolvendo, quando necessário, parcerias com o setor privado, mas sem abrir mão do controle e gestão das referidas redes.

Neste sentido, o partido pretende um Serviço Universal de Comunicações Electrónicas, com objectivos de redução de preços e cobertura total da população nacional dentro de dois anos para comunicações móveis de voz e serviços de banda larga móvel a 100 Mbps para 98% do território, toda a rede ferroviária nacional e IP rodoviário.

Bloco de Esquerda que analisa erros 4G e aplica-se a 5G, mas com exploração 100% pública da rede de telecomunicações

O Bloco de Esquerda, em seu proposta, defende também um serviço público e universal de telecomunicações em Portugal. A parte pede que, antes de voltar a pensar no novo leilão e acusar o Governo de se alinhar com as operadoras e em confronto com o regulador, se olhe para a situação atual quanto à utilização do espectro 4G e registe as falhas inerentes. Segundo o partido, a falta de cobertura em vários concelhos e freguesias do país, especialmente do interior; os preços mais altos da Europa; altas taxas de fidelidade; e a perda para o Estado em suas necessidades estratégicas são alguns pontos apontados.

A BE acredita que a persistir esta situação, o 5G vai trazer mais problemas, seja ao nível dos preços, da cobertura da rede nacional e da exclusão de inúmeras comunidades do acesso à rede. E como os direitos de uso do espectro por meio do leilão vão ditar sua utilização nos próximos 20 anos, os bloqueadores defendem que deveria haver um serviço público e universal de telecomunicações no país, ou seja, uma operadora 100% pública com o controle e gestão de redes.

CDS-PP exige revisão das regras no contexto da pandemia

O CDS destaca o desenvolvimento das telecomunicações como motor da digitalização da economia, sendo importante torná-las mais acessíveis em todo o território português. “A experiência das últimas duas décadas mostra que um enorme investimento e esforço de cobertura de rede tem sido feito pelas operadoras. Este esforço foi efectuado essencialmente no litoral do país e nos grandes centros urbanos, sendo evidente a todos que é no interior do país que existem grandes dificuldades de rede, o que compromete a concorrência e o melhor preço / serviço ao consumidor ”, destaca a festa no documento proposto.

Nas suas recomendações, o CDS pede uma reavaliação do novo contexto macroeconómico nos termos do COVID-19, com regras, responsabilidades e preços a serem considerados e racionalizados, tanto para operadores de mercado como para novos entrantes. À semelhança das outras partes, as operadoras devem ser incentivadas a dar prioridade aos investimentos realizados no interior do país, especialmente onde se encontram atualmente as maiores dificuldades de cobertura. “Deve ser dado um incentivo ao investimento, que envolve a devolução de parte do valor a pagar” pelo espectro “se os investimentos forem feitos nos primeiros três anos”.

Em todas as propostas sobre a mesa hoje discutidas, todas procuram alertar para os erros que se cometem atualmente com o 4G, nomeadamente o “abandono” de áreas interiores, aspecto a rectificar na nova geração móvel. Governo e Anacom também precisam ajustar as agulhas no que diz respeito às regras do leilão 5G, defendem as partes.

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