PF e deputados encontram ligação entre o capitão Adriano e o acusado de matar a vereadora

Um relatório conjunto da PF (Polícia Federal) e do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) afirma que o falecido chefe do Departamento de Crime, Adriano Magalhães da Nóbrega, usou um agente de luxo em Barra da Tijuca, no lado oeste do Rio, para vender e compre carros. O site foi objeto de uma pesquisa na Internet feita por Ronnie Lesse, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, e foi visitado por um homem em quem ele confiava, preso por perder uma arma da polícia militar de reserva.

“Garagem Loja ele é suspeito de realizar uma transação com Adriano da Nóbrega, alvo da Operação Intocáveis, e foi investigado por Ronnie Lessa usando uma ferramenta do Google “, afirmou o documento. Twitter (veja fac-símile do segundo parágrafo abaixo).

A oficina de carros vende carros de luxo, novos e usados, com armaduras. Um dos proprietários da concessionária afirma que ele nunca realizou nenhuma transação comercial com Adrian ou Less e que ninguém associado ao site foi solicitado a fornecer esclarecimentos às autoridades (leia mais abaixo).

Ainda de acordo com o mesmo documento, os homens associados Lesse e Adriano conheceram e compareceram às mesmas partes.

Conhecido como Capitão Adriano, chefe de milícia que atuava nas comunidades do Rio das Pedras e marido, na zona oeste do Rio, foi morto em uma operação policial no interior da Bahia, em fevereiro deste ano.

Imagem: Arte / UOL

Ronnie Lessa e Adriano Magalhães da Nóbrega se conheceram enquanto trabalhavam na Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ambos passaram pelo Bope (Batalhão de Operações Especiais) e atuaram ilegalmente como guardas de segurança dos bicheiroros do Rio de Janeiro.

Em agosto de 2018, Adriano testemunhou o DH (polícia de assassinatos) da capital por causa das mortes de Mariella e Anderson. Ele disse que não se lembrava de onde estava no momento do ataque. Quanto a Lesse, ele disse que “o conhece apenas pela polícia militar”, sem entrar em detalhes.

Ronnie Lessa foi preso em março de 2019 quando deixou um apartamento na Barra da Tijuca em um carro blindado.

O relatório foi assinado por um investigador de PF e um policial civil destacado no Gaeco (Grupo de Ação Especial contra o Crime Organizado) do MP-RJ, e terminou dias após a prisão do primeiro-ministro da reserva.

O homem de Less visitou o lugar

O homem de confiança de Less, o autoproclamado empresário Márcio Mantovano, preso por participar de uma operação que jogou os rifles do primeiro ministro da reserva sobre o navio, era um monge na Garagem, como mostrado nas fotos postadas em seu perfil do Instagram e contidas em um documento da PF e MP-RJ.

Márcio Gordo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal

Márcio Mantovano foi preso por envolvimento no caso Marielle

Imagem: Arquivo pessoal

Mantovano, conhecido como Márcio Gordo, promoveu uma festa na casa de um MMA, com a presença do policial Leonardo Augusto de Medeiros, o LOUCO, dizia o relatório.

LOUCO ele foi preso em 30 de junho, em uma operação que o nomeou o novo chefe do Departamento de Crime após a morte do capitão Adrian. Ele é mencionado em uma gravação telefônica que PF descobriu como um dos verdadeiros assassinos da Câmara do Conselho PSOL e seu motorista.

A polícia tentou invadir o apartamento de Less no norte do Rio, horas depois que um policial militar foi preso sob a acusação de matar Marielle e Anderson.

No dia seguinte, Márcio Gordo e outras pessoas associadas a Les conseguiram remover a arma do primeiro-ministro aposentado e jogar em mar aberto. A suspeita da Polícia Civil é que as armas usadas no ataque a Marielle estavam entre o material descartado.

PF e MP-RJ apontam no relatório outra conexão entre Márci Gord e os homens associados a Adrian. Ele é morador de Tijuquinha, uma comunidade no lado oeste do Rio, dominada pelas milícias do major da Polícia Militar Ronald Paul Alves Pereira, o braço direito do falecido chefe do Departamento de Crime.

Rede de relacionamento

A polícia civil do Rio descartou o envolvimento de MAD no ataque em que Marielle e Anderson foram mortos porque ele teria participado de outro assassinato naquela noite: Marcelo Diotti da Mata morreu atirando rifles em um estacionamento na Barra da Tijuca.

Marcelo Diotti da Mata era casado com a ex-mulher do ex-vereador Cristiano Girão. Girão perdeu seu mandato e serviu tempo para liderar as milícias em Gardênia Azul, no lado oeste do Rio. Ele era um dos principais alvos da milícia CPI, presidida pelo então vice-deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), assistido por Marielle, na época.

Em um relatório de inteligência, o MP-RJ nomeou Ronnie Less como chefe da milícia que atualmente domina Gardênia Azul.

As autoridades ainda não esclareceram toda a rede de relacionamentos descritos.

O outro lado

A defesa de Ronnie Lesse não comentou o relatório.

ronnie lessa - Marcelo Theobald / Agência O Globo - Marcelo Theobald / Agência O Globo

Ronnie Lessa é acusado dos assassinatos de Mariella Franco e Anderson Gomes

Imagem: Marcelo Theobald / Agência O Globo

Por telefone, um homem identificado como Bruno e que entrou em contato com a Garage Store disse que o revendedor nunca teve nada a ver com Ronnie Less ou Adriana Magalhães da Nóbrega.

“Adriano, só conheço as informações do noticiário. Ronnie Lessa, nunca a vi. Não sei se ela é negra, se é branca, se é roxa.”

Bruno confirmou que Márcio Mantovano havia visitado a fábrica, mas disse que nunca havia comprado um carro em uma concessionária. “Ele não faria parte disso”.

Questionado sobre se ele e outros proprietários de terras foram solicitados a fornecer esclarecimentos à polícia civil ou ao MP-RJ, Bruno negou.

Twitter ele fez perguntas à polícia civil, que respondeu que “o caso permanece confidencial”. O MP-RJ ainda não respondeu ao relatório.

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