Não há necessidade de uma análise cuidadosa ou de dados Pordata para verificar se nossa frota de veículos está envelhecendo.
Ao contrário do que aconteceu com a nossa seleção nacional de futebol, a geração ouro dos anos 90 não foi substituída e foi forçada a cumprir a mesma função por mais de duas décadas.
A tinta está queimada, a manutenção demora e o estrago está sempre à espreita, mas não é culpa deles.
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De quem é a culpa então?
A culpa vive em lugares onde as decisões políticas são tomadas. Onde se decide aumentar sistematicamente a carga fiscal sobre o automóvel, insistindo em não se dar conta que se trata de um componente importante da economia e mesmo da sociedade – em Portugal o automóvel representa mais de 20% das receitas do Estado.
A culpa é de impostos como o IVA, ISV e um IUC que penaliza até os carros mais recentes.
Agora, num país onde o salário mínimo não ultrapassa 635 euros e os salários médios não estão muito longe desse valor, muitos portugueses devem um profundo agradecimento a estes heróis sem capa e com a tinta queimada, que todos os dias realizam missões para as que não são mais cortadas.
Obrigado por se recusar a parar, por usar peças baratas, por serem fáceis de consertar e frugais no consumo. Basicamente, para permitir que um país empobrecido não ficasse ainda mais tempo.
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É que, embora o estacionamento seja antigo, é melhor um país em movimento do que parado. Eu me pergunto o que seria da nossa economia se aqueles 900 mil carros com mais de 20 anos parassem de circular da noite para o dia.
É tempo de reformar os nossos heróis – a este respeito temos de dar razão à Associação Do Comércio Automóvel De Portugal (ACAP).
Porque dirigir ataques sistemáticos ao setor sem apoiá-lo só vai continuar a agravar o problema. Eles precisam de descanso, do meio ambiente, da segurança e da nossa carteira também. A economia agradece.