Verifique quem pode ou não obter Covid-19

Com o início da vacinação em países como Reino Unido e Estados Unidos, começaram a surgir dúvidas sobre quem poderia e quem não poderia receber a vacina Covid-19. O lançamento do plano de imunização do governo federal no Brasil identificou quais são os grupos prioritários para o recebimento da vacina, mas alguns pontos ainda não foram esclarecidos.

Casos de reações alérgicas relatados no Reino Unido em pessoas que receberam o imunizador Pfizer / BioNTech levantaram questões sobre quem deve e quem não deve ser vacinado.

Atualmente, o único grupo para o qual existem restrições pré-vacinais são os menores de 18 anos – porque os estudos clínicos até agora não contam com crianças.

No entanto, existem casos especiais que precisam ser considerados dentro dos grupos a serem imunizados.

Flávio Guimarães da Fonseca, virologista do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) e pesquisador do departamento de microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, diz que a primeira recomendação é consultar um especialista.

“Se você suspeitar que uma condição médica irá interferir na imunização, consulte um médico. Portanto, cada caso pode ser avaliado cuidadosamente. “

Mas há casos para os quais já existem respostas, seja através de estudos clínicos de desenvolvimento de vacinas ou graças a conhecimentos científicos anteriores. Por fim, “não há diferença entre a vacina Covid-19 e outras que já estão disponíveis e são utilizadas no SUS para outras doenças”, explica Fonseca.

Veja abaixo as recomendações para pessoas com alergias, deficiências, câncer, doenças autoimunes, crianças com comorbidades e outras condições de saúde.

As pessoas alérgicas devem tomar a vacina?
Pessoas alérgicas podem receber qualquer vacina, incluindo aquelas atualmente em aprovação. Ana Karolina Barreto Marinho, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), explica que, mesmo para a Pfizer / BioNTech, para a qual foram registradas reações alérgicas, apenas em alguns casos alérgicos não devem ser vacinados.

“As únicas pessoas que não puderam tomar a vacina são aquelas que tiveram reações alérgicas graves a vacinas anteriores ou que são alérgicas a algum componente dessa vacina, que terá uma bula na embalagem indicando sua composição”, explica.
Sintomas alérgicos graves são aqueles que ocorrem imediatamente após a vacinação. Isso inclui urticária generalizada, falta de ar e convulsões.

Quem precisava do Covid-19 para receber a vacina?
Tal como acontece com outras doenças, como o sarampo, as pessoas que sobreviveram à Covid-19 podem tomar a vacina sem problemas. Karen Morejon, assessora da Sociedade Brasileira de Doenças Infecciosas (SBI), afirma que esse é mais um assunto que cada laboratório listará na embalagem. Ele explica que a vacina da Pfizer, já usada nos Estados Unidos e no Reino Unido, é indicada para quem já teve a doença, “porque não sabemos se o sistema imunológico já está protegido ou não”. O mesmo, diz ela, “deve acontecer com outras vacinas quando divulgam informações, porque não sabemos quanto tempo dura a proteção natural de uma pessoa que teve uma doença grave”.

Pessoas com sintomas de Covid-19, mas sem diagnóstico, devem tomar a vacina?
Não. Nenhum tipo de vacina é recomendada para pessoas que já apresentam sintomas da doença ou que estão com febre. “O corpo pode já estar lutando contra a infecção”, diz Marinho. Explica que se uma pessoa apresentar sintomas, o efeito do imunizador pode ser diferente do efeito observado em estudos clínicos, portanto a vacinação não é recomendada

Pessoas com câncer ou outras doenças imunossupressoras podem ser vacinadas contra Covid-19?
Depende da doença autoimune e do tratamento administrado.

Marinho explica que pessoas que fazem radioterapia ou quimioterapia para qualquer tipo de câncer não devem ser vacinadas. “A doença é ativa e o tratamento enfraquece o sistema imunológico, por isso não deve ser vacinado. Isso também não é específico da Covid-19. “

As pessoas transplantadas também não devem ser vacinadas, pois após o procedimento passam a tomar imunossupressores, ou seja, medicamentos que alteram o sistema de defesa do corpo humano.

No entanto, as pessoas HIV-positivas em tratamento com coquetel de drogas podem receber uma vacina contra o coronavírus. “A terapia retroviral faz com que a pessoa tenha um sistema imunológico perfeitamente normal, então ela tem que tomar a vacina e será imunizada sem nenhum risco”, diz Fonseca.

Crianças com doenças concomitantes estão em risco, então devem ser vacinadas?
Esta é uma pergunta que ainda não foi respondida. Para Marinha, que, além de coordenadora do Asbai, é integrante do Gabinete de Crise Covid-19 do Conjunto Hospitalar do Mandaqui e imunologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, as crianças não podem ser vacinadas. “Mesmo as crianças com comorbidades não desenvolvem sintomas graves, de acordo com dados globais até o momento”, diz ela.

Fonseca, virologista da CT Vacinas, diz que esse é um assunto que precisa ser discutido. “O Ministério da Saúde deve dar orientações sobre esse assunto, pois cada um deles pode ter uma interpretação. Na minha opinião, as crianças com doenças concomitantes devem ser vacinadas. Mas o plano de imunização nesse ponto tem uma lacuna. Eles devem indicar a posição geral do país. “

As pessoas com deficiência física ou mental podem ser vacinadas com segurança?
Sim, pessoas com deficiências que não afetam o sistema imunológico podem ser vacinadas. Segundo Morejon, não há evidências de que a deficiência afete a resposta imunológica, e isso se aplica a qualquer vacina. “Acredito que haja confusão nessa questão, porque a imunodeficiência é a única para a qual temos evidências científicas de que altera os efeitos das vacinas. Além disso, todas as pessoas, independentemente da situação física ou mental, podem ser vacinadas ”, explica o assessor do SBI.

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