Bolsonaro e Arthur Lira, caso de amor – Thaís Oyama

Quando Jair Bolsonaro ainda estava cantando “novas políticas” no início de seu mandato, seu articulador no Congresso era o deputado Ônyx Lorenzoni (DEM-RS).

Como o ex-capitão, Lorenzoni emergiu diretamente do porão do clero inferior, à frente do poder. Ele estava longe de ser um congressista de prestígio ou com tráfego entre seus pares.

Mas ele tinha duas credenciais que, aos olhos de Bolsonar, o qualificaram para o cargo: ele foi um dos primeiros colegas a acreditar que poderia se tornar presidente da República, por isso relatou e defendeu um projeto de lei que ficou conhecido como “Dez Medidas Contra a Corrupção” (a luta contra a corrupção era então a bandeira de Jair Bolsonar).

Os seis meses que Lorenzoni durou como articulador político do governo trouxeram a ele uma coleção de fracassos, começando com a idéia morta de trocar articulações com as partes nas negociações com os “bancos temáticos”.

A peça rendeu ao gaúcho um pequeno epíteto honrado “Mercadante de Bolsonaro” – uma referência ao ex-ministro Aloisio Mercadante, articulador político Dilma Rousseff, que fez o ex-presidente acreditar que poderia governar sem o PMDB.

Lorenzoni foi então substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos, velho amigo de Bolsonar, que logo classificou o congresso como “muito educado, mas ingênuo”.

Arthur Lira liderou dez partidos no governo

Ramos nunca se consolidou no local, e agora está balançando novamente porque o articulador de fato do governo tem o nome de Arthur Lira – e pode ser chamado tudo menos ingênuo.

O líder dos progressistas e um dos chefes do Centrão são acusados ​​no Supremo Tribunal Federal em uma ação por corrupção passiva, nascida em Lava Jat. No mês passado, ele foi demitido pelo Tribunal de Justiça pelo mesmo crime em outro processo movido contra Lava Jato.

O deputado se tornou um dos principais interlocutores de Bolsonar no Congresso desde que o governo decidiu dar uma banana à idéia de uma nova política. Nos últimos dois meses, houve mais de dois décimos das indicações apresentadas pelo bloco, e ele é um dos líderes em cargos governamentais relevantes.

Além da falta de ingenuidade, Alagoan é conhecido por sua flexibilidade que lhe permitiu montar uma base de apoio para os três últimos governos – o da PT Dilma Rousseff, o emedebist Michel Temer e, agora, Bolsonaro – e por ser o sucessor do ex-prefeito Eduardo Cunh. Ex-morador de Papuda, atualmente em prisão domiciliar, Cunha foi condenado por Lava Jato a 15 anos de prisão por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Desde que ingressou em Bolsonaro, Lira assumiu dez partidos no governo, formando uma base de mais de 200 parlamentares – um grande refresco para o presidente, que começou a ouvir uma palavra sobre a fortaleza em seu primeiro ano no cargo.

Lira e Bolsonaro são puro amor.

O presidente não quer mais ingênuo do seu lado.

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