Com a queda da gasolina e o cultivo de alimentos, a inflação é pior para os pobres – 10/06/2020 – Mercado

Embora o país tenha fechado seu segundo mês consecutivo de deflação em maio, os preços dos alimentos continuam pressionando os bolsos das famílias mais pobres, que foram mais afetadas pelo desemprego e pela perda de renda desde o início de uma nova pandemia de coronavírus.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os preços dos alimentos acumularam alta de 3,70% ao ano, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) recuou 0,16%. Os produtos com cestas básicas continuam a crescer acima da inflação geral.

O cenário mostra que os indicadores de inflação também foram interrompidos por uma mudança radical no perfil da atividade econômica brasileira desde o início da pandemia, além de dados do mercado de trabalho e contas públicas, por exemplo.

No caso da inflação, os resultados foram derrubados pela queda nos preços dos combustíveis, que carregam muito peso nos indicadores e reagiram à queda nos preços internacionais do petróleo após o início da pandemia.

Em maio, o grupo Transportes recuou 1,9%, puxando o IPCA para uma deflação de 0,38%, a maior do mês desde que o IBGE começou a revelar o indicador em 1980.

Os preços da gasolina, diesel e etanol caíram 4,35%, 6,44% e 5,96%, respectivamente. Isso também se deve ao preço das passagens aéreas, que caíram 27,14% no mês, mas a gasolina teve a principal contribuição individual, 0,5 ponto percentual.

Os preços dos alimentos subiram 0,24% no mês, impulsionados pelos alimentos em casa, que se tornaram rotina para mais famílias após a quarentena e ficaram 0,33% mais caros. São indicadores mais baixos em relação ao mês anterior, de 1,79% e 2,24%, respectivamente.

“Mas isso é um aumento em comparação com outro aumento”, disse o gerente de pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov. Nos últimos três meses, os produtos alimentícios têm aumentado, enquanto os não alimentícios estão em declínio.

Em 12 meses, enquanto o IPCA cresceu 1,88%, os alimentos aumentaram 6,48%. O cenário é particularmente prejudicial para a população de baixa renda, que gasta 22% de seu orçamento em compras de alimentos, enquanto o transporte absorve 9,4% adicionais.

Ou seja, eles gastam mais dinheiro em itens personalizados do que em deflação. No caso de famílias com mais de 25 salários mínimos, o inverso é verdadeiro: 7,6% da renda vai para alimentação e 15,3% para transporte.

“A inflação ficou mais forte por causa da baixa renda, porque quanto menos você ganha, mais o orçamento é dedicado à compra de alimentos”, diz o economista André Braz, da FGV. A percepção é confirmada por dois indicadores de inflação mais adequados para famílias de baixa renda.

O INPC do IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) concluiu maio com uma deflação de 0,25%, abaixo do IPCA. Nesse indicador, que explora o carrinho de compras para famílias com renda de um a cinco salários mínimos, os produtos alimentícios subiram 0,40% em maio.

O IPC-C1 da FGV (Índice de Preços ao Consumidor Classe 1), que mede a inflação de famílias com renda de até 2,5 salários mínimos, recuou 0,30% em maio, ante 0,54% do IPC, BR, o indicador mais amplo instituições.

Com base nos dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (10), Braz destaca que os produtos incluídos na cesta básica subiram 0,36% em maio, após subir 1,81% em abril e 1,25% em março.

A sequência de aumentos ocorre no momento em que o desemprego afeta o trabalhador informal, que já possui uma renda mais baixa. Segundo o IBGE, dos 4,9 milhões de brasileiros que perderam o emprego em abril, 3,7 milhões eram informais.

“A sobrevivência dessas famílias é exacerbada por uma forte redução de empregos”, diz um economista da FGV. “Sem renda, a sensação é de que a inflação está mais alta.”

Uma mistura de fatores sazonais, quebra de safra e alta demanda foram responsáveis ​​pelo aumento dos preços dos alimentos nos primeiros meses da pandemia, mas o mercado espera que a situação se normalize nos próximos meses.

“Todo mundo continua comendo, indo mais ao supermercado e podem ocorrer alguns problemas logísticos com a pandemia, mas a partir de agora esperamos uma desaceleração, pelo menos porque está entrando em um período menos chuvoso”, diz a economista Júlia Passabom, do Itaúa.

No entanto, espera que a inflação volte ao azul já em junho, o que a Petrobras fará com os efeitos dos reajustes dos preços dos combustíveis desde o início de maio. “Houve alguns aumentos na gasolina, que poderiam afetar o índice de junho”, concorda Kislanov, do IBGE.

A pressão, no entanto, não deve ser suficiente para aumentar significativamente os indicadores nos próximos meses, se as expectativas da lendária continuação da economia forem confirmadas. Para o Itaú, a inflação deve fechar o primeiro semestre do ano próximo de zero e o ano próximo de 1,8%. O Banco Mizuho fala 1,5% e MUFG 1,7%.

Em todos os casos, bem abaixo da meta de 4%, com 1,5 para o coma ou abaixo, definida pelo Banco Central para 2020.

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