Fux defende plataformas erradas na luta contra notícias falsas – 18.07.2020

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, defendeu a responsabilidade das mídias sociais no combate às notícias falsas, durante uma audiência virtual realizada neste sábado, 18, pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

“Não é possível que uma plataforma, com tantos instrumentos tecnológicos, não possa filtrar o que causará um efeito sistêmico extremamente prejudicial para o país”, afirmou. Para o magistrado, o discurso em defesa do conteúdo não pode liberar plataformas para realizar a verificação de notícias falsas que podem ser prejudiciais para o país. “Acho que é uma questão de soberania nacional”, afirmou o ministro.

“Você quer trabalhar em uma área tão sensível? Você precisa de instrumentos que possam filtrar elementos que ameaçam a soberania do país. É minha opinião, dados os fatos alarmantes que conhecíamos”, disse Fux.

O ministro do STF também falou sobre a responsabilidade da sociedade em compartilhar notícias falsas. “Quando há notícias de grandes consequências, é necessário verificar a população antes da divisão. A população se divide sem verificação, e a melhor fonte de verificação é o jornal oficial”, afirmou.

Os senadores aprovaram um projeto de lei no final do mês passado, após uma versão “para frente e para trás” e uma série de controvérsias sobre a proposta. O texto recebeu 44 votos a favor e 32 contra. A proposta está agora na Câmara, onde os parlamentares começaram discussões sobre a mudança do projeto.

A primeira das dez reuniões de parlamentares e especialistas foi realizada nesta semana. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o objetivo era fechar o texto de consenso “ainda melhor” do que o aprovado pelo Senado.

Este mês Facebook colapsou uma rede de 73 contas e perfis vinculados a membros do gabinete do presidente Jair Bolsonar, seus filhos, o PSL e aliados por “comportamento não autorizado coordenado”. Para o ministro do STF, Gilmar Mendes, essa ação no Facebook já é uma reação à atenção que o Congresso e o Judiciário estão prestando ao assunto. “O que importa é o que o Congresso está fazendo. Já existe uma reação da CPMI (comissão parlamentar de inquérito), bem como da nossa investigação, e então a própria legislação é responsável por reações recentes como fornecedores como o Facebook”, disse Mendes durante o debate.

Design perfeito

A Câmara deve fazer mudanças significativas no texto aprovado pelo Senado. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que também está participando do debate, reconheceu que o texto do senador era “imperfeito.

“A lei que estamos tentando aperfeiçoar, e que saiu do Senado de maneira imperfeita, é como agora responsabilizaremos as plataformas”, disse ele. “Liberdade e responsabilidade são dois lados da mesma moeda em um estado democrático”, disse o senador.

O senador disse que a pandemia é uma urgência na votação do projeto. Ela citou notícias falsas que começaram a atacar as mídias sociais, citando a covid-19. “Nós redigimos o texto e o aprovamos para dar o primeiro passo”, disse ele.

“No Brasil, além da pandemia de saúde, estamos enfrentando uma pandemia política que é alimentada principalmente por um vírus de notícias falsas. E a vacina para isso está construindo uma lei legal, constitucional e democrática, e é a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”, disse Tebet.

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