O Banco de Portugal poderia ter afastado Ricardo Salgado um ano antes da queda do BES – Actualidade

De acordo com hoje o jornal Público, sabe-se agora que o relatório final de avaliação da actuação do Banco de Portugal (BdP) no caso GES / BES, efectuada pela Comissão de Auditoria Independente a cargo do próprio BdP, aponta que este foi possível substituir Ricardo Salgado do cargo de presidente executivo do Banco Espírito Santo antes da queda do grupo.

O relatório, da autoria de um grupo chefiado pelo economista do BdP e ex-vice-governador de João Costa Pinto, foi encomendado pelo próprio Banco de Portugal para ver o seu desempenho durante o processo GES / BES avaliado, incidindo em todo o processo até ao colapso do grupo em julho de 2014.

O Público refere que o documento foi finalizado a 30 de abril de 2015, mas que se mantém inacessível, apesar do ex-governador do BdP, Carlos Costa, ter manifestado intenção de o revelar.

No entanto, o jornal encontrou algumas das conclusões evidenciadas no documento e, embora não aponte falhas graves na atuação da entidade, cita algumas fragilidades no acompanhamento do caso.

Um deles pertence ao Conselho de Administração do BES, presidido por Ricardo Salgado, sobre o qual surgiram problemas de idoneidade. Face à possibilidade de substituição do antigo presidente do cargo do BES, o BdP não agiu, argumentando que existia jurisprudência que considerava que só era possível destituir um administrador se este fosse condenado.

O Comitê de Auditoria Independente, no entanto, considera que, atendendo ao que já era conhecido em 2013, a entidade conseguiu destituir Salgado, contestando esta jurisprudência – considerada pelo Comitê muito restritiva à atuação do supervisor – e fazendo uso das ferramentas de que dispõe tem, ser capaz de substituir os administradores ou nomear os dirigentes dos órgãos sociais.

Entre outros problemas apontados, contam-se a incapacidade do BdP para conter a exposição do BES ao BESA (Banco Espírito Santo Angola) e ESI (Espírito Santo Internacional), por não ter conseguido impedir a degradação do grupo, e a sua ação de fiscalização, que não contemplou GES como um grande grupo financeiro.

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