O Palácio do Planalto distribuiu aos partidos da base aliada na Lei de Legislação uma espécie de ranking dos governos estaduais e municipais que representam o maior número de mortes e casos do novo coronavírus.
O documento, elaborado pela Secretaria de Governo com dados do Ministério da Saúde, vincula a poluição à doença com governadores e prefeitos, muitos dos quais são opositores do presidente Jair Bolsonar (sem partido).
A planilha utiliza dados divulgados neste sábado (8) sobre a disseminação da doença no país.
A lista dos países com maior número de novos casos, por exemplo, é liderada pelos governadores de São Paulo, João Dória (PSDB), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) e da Bahia, Rui Costa (PT),
O governador de São Paulo também é citado como líder na lista dos estados que tiveram o maior número de mortes no sábado (8). Ele é seguido pelo governador de Minas Gerais, Romeo Zema (Novo).
De acordo com assessores presidenciais, o documento foi distribuído na tentativa de equipar os legisladores aliados contra governadores e prefeitos que criticaram a gestão do governo federal por causa da crise de saúde.
No ranking dos municípios com maior número de novos casos, o documento refere-se aos prefeitos de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), do Rio de Janeiro, Marcel Crivello (republicanos) e de El Salvador, ACM Net (DEM).
Em nota oficial, a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, afirma que o objetivo deste documento é “acompanhar a disseminação da Covid-19 nos entes federados para ajudar na articulação do governo federal”.
“O documento em questão foi criado para contribuir internamente para a gestão de curto prazo do comportamento pandêmico em estados e municípios. Os dados apresentados são públicos e extraídos do site do Ministério da Saúde”, afirmou.
Nesta segunda-feira (10), em entrevista à mídia, Doria disse que o país atingiu a estimativa de 100 mil mortes pela doença no sábado (8) porque há “desprezo pela ciência”.
“Os especialistas hoje reconhecem que o desprezo pela ciência, saúde e vida e o desprezo por esta pandemia infelizmente contribuíram para atingir 3 milhões de casos e 100.000 mortes, a segunda pior taxa do planeta”, disse ele.
Doria aproveitou para falar diretamente com Bolsonar. Ele acusou o presidente de estar “calado” e “negativamente” falando sobre uma nova pandemia de coronavírus.
“Isso continua a minimizar os efeitos desta pandemia, a maior crise de saúde da história do país”, disse ele. “Presidente Bolsonaro, não foi uma operação fria”, acrescentou.
Nesta segunda-feira (10), foram notificados 721 óbitos por infectados e 20.730 casos novos no Brasil. O país está acumulando 101.857 mortes e mais de 3 milhões de infectados em uma nova pandemia de coronavírus.
Os dados são o resultado de uma colaboração sem precedentes entre Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para coletar e divulgar dados de uma nova pandemia de coronavírus.
As informações são coletadas diretamente nas secretarias estaduais de saúde. O balanço fecha todos os dias às 20h00