Parler: A rede social adotada por Bolsonaro deixa espaço para desinformação em 13 de julho de 2020

Parler é uma nova rede social adotada pelo direito conservador nos últimos dias, com a justificativa de buscar um espaço com mais liberdade de expressão. Jair Bolsonaro e outros políticos associados ao presidente já criaram perfis lá. O ponto é que a plataforma não é dedicada à verificação de fatos, o que pode torná-la outro foco importante de desinformação na web.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) postou uma mensagem no Twitter para mais de 1,5 milhão de seguidores no início deste mês. O filho do presidente chamou Parler de “uma rede social que prioriza a liberdade de expressão”. Nesta segunda-feira (13), foi a vez do presidente abrir sua conta lá.

Desde a criação da conta de Parler, Flávio Bolsonaro trabalhou muito mais lá, onde ele tem cerca de 87.000 seguidores, do que no Twitter, onde ele é muito mais popular. Viés ele contatou senadores e conselheiros presidenciais, mas não recebeu reembolso. O texto será atualizado se responder.

Já é Twitter removeu o post de Flávi Bolsonaro em março. O senador compartilhou um vídeo em que o Dr. Dráuzio Varella aconselhou a população a não mudar seu estilo de vida devido ao novo coronavírus de maneira descontextualizada – ele vê o vídeo desde janeiro deste ano, quando nenhum caso foi relatado no país.

Além de Flávi e Jair Bolsonara, outros relatos chamados de “ala direita conservadora” que apoia o presidente da república criaram perfis em Parler, como Olavo de Carvalho, Eduardo Bolsonaro, Marco Feliciano, Abraham Weintraub e o blogueiro Allan dos Santos, entre outros.

Afinal, o que é Parler?

Criado em 2018, o Parler é muito semelhante ao Twitter, mas possui menos regras para regular o conteúdo considerado ofensivo. O texto da apresentação afirma que “sem preconceitos e liberdade de expressão, ele se concentra na proteção dos direitos dos usuários”.

Em uma descrição na Play Store, Parler ainda diz “diga ao mundo o que você precisa saber!”. Em entrevista à Fox News, seu CEO John Matze disse que a rede social atraiu muita atenção conservadora porque “parece ser mais afetada pela censura do Twitter ou do Facebook”, mas enfatizou que o aplicativo é direcionado a pessoas de todo o espectro político.

“Não censuramos ou editamos, não compartilhamos ou vendemos dados de usuários. As únicas coisas que eliminamos são pornografia, ameaças de violência contra alguém e material obsceno”, afirmou.

Como funciona?

Juntar-se a Parler é como entrar em qualquer rede social. É necessário registrar o número de e-mail e telefone e confirmar a entrada usando o código recebido via SMS. Em seguida, basta criar uma senha de pelo menos oito dígitos e a conta já está aberta.

A primeira coisa que surge é uma sugestão para seguir alguns sites oficiais, como a NASA. Depois, há algumas figuras políticas, como a conta oficial do presidente dos EUA, Donald Trump.

Através da barra de pesquisa, é possível encontrar contas de outros usuários ou hashtags que são usadas além dos termos de pesquisa. Além disso, no canto direito, há sugestões de itens em ascensão.

Na página principal de cada usuário, há posts de pessoas que ele segue, onde você pode gostar (na opção “votar”) ou compartilhar (algo como um retweet, mas a função é chamada “eco”). Outra opção semelhante à de outras redes sociais é o cartão de comentários.

Para escrever algo para seus seguidores, o usuário usa o campo “O que há de novo?”, Onde está disponível a opção de postar fotos, GIFs ou emojis. Além disso, é possível editar um perfil de usuário deixando a conta privada ou aberta, como no Facebook ou Instagram.

As pesquisas relatam algumas das perguntas postadas recentemente nas mídias sociais pelos seguidores do presidente memes incluindo a China, críticas a protestos contra o racismo, apoio ao uso de hidroxicloroquinina e críticas ao isolamento social devido à pandemia dos “19 rápidos”.

Viés tentou se conectar com alguns usuários Parler para descobrir o que eles pensavam da rede social, mas não obteve resposta.

Não há verificação de fatos

David Nemer, professor brasileiro da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, que segue as redes de Bolsonar, diz ter percebido em Parler que a plataforma é predominantemente da direita e da extrema direita. Para ele, a grande atração da rede social é a pouca inspeção do que foi publicado.

Bolsonaro e Trump já alertaram no Twitter sobre a divulgação de informações erradas. Tanto os líderes quanto seus seguidores não gostavam de tal atitude, chamando as plataformas de censura e comunistas. Esses dois adjetivos são mais frequentemente usados ​​pelos conservadores no ato de demonizar algo ou criar um inimigo
David Nemer

Apesar disso, o especialista diz que o Twitter não censura os usuários porque acredita que não deve julgar o que é verdadeiro ou não. “Mesmo assim, quando há uma violação dos termos de serviço, o Twitter ainda funciona. E é nessas violações, desde a manipulação de várias contas falsas até o conteúdo de pedofilia, que os conservadores se sentem censurados e suas liberdades ameaçadas”, diz ele.

Questionado sobre a edição dos posts de Parler, o CEO John Matze disse: “Não temos verificações de fatos. Somos uma praça pública, deixamos a responsabilidade para a comunidade. Nossos usuários são sábios o suficiente para filtrar e avaliar as informações”, disse ele. .

Segundo Matze, Parler teve cerca de 1,5 milhão de usuários até agora. Para fins comparativos, o Twitter possui 166 milhões de usuários ativos por mês, enquanto o Facebook possui 2,6 bilhões de usuários mensais.

Câmara de eco

A migração de pessoas afins para Parler pode aumentar a polarização social e política, bem como o extremismo, disse Nemer. Para ele, isso pode criar a chamada câmera de eco, uma descrição metafórica de uma situação em que as crenças são reforçadas pela comunicação.

“Em outras palavras, se o tópico se relacionar principalmente a uma visão política, aumentada por informações erradas e ódio, ele tende a crescer e a dominar os debates dentro dessa câmera”, analisa.

Caroline Luvizotto, professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UNESCO, concorda que uma rede social com o mesmo perfil de usuário pode contribuir ainda mais para a polarização. Mas ela ressalta que essa não é uma característica única de Parler.

“Os algoritmos de rede são baseados nos hábitos e nas interações dos usuários e oferecem conteúdo que deve ser o que eles mais interessam. Isso já aumenta a polarização nas discussões”, diz ele.

Mais notícias falsas?

A outra preocupação de Parler está relacionada a notícias falsas, pois sua falta declarada de regulamentação posterior pode aumentar as informações erradas na web.

Para Luvizotto, postagens falsas podem ser definidas de três maneiras:

  • Informações confusas: um que é falso, mas não criado com a intenção de danificar;
  • Desinformação: informações falsas criadas com a intenção de prejudicar algo ou alguém;
  • Informação incorreta: baseado em fatos reais, mas distorcido para prejudicar algo ou alguém.

Além disso, o sociólogo enfatiza que, quando alguém diz que está agindo por seu direito à liberdade de expressão, deve saber que isso implica deveres e responsabilidades.

“Você não pode expressar uma opinião caracterizada como crime, como abordar alguém com uma expressão racista ou homofóbica, o que implicaria um crime de racismo ou homofobia”, explica ele.

1 thought on “Parler: A rede social adotada por Bolsonaro deixa espaço para desinformação em 13 de julho de 2020”

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top