Dia histórico da dívida portuguesa. Estoques e óleo corretos – mercados em um minuto

Dia histórico da dívida portuguesa

Foi por breves momentos e por uma margem muito curta, mas o dia 26 de Novembro de 2020 ficará para a história como o primeiro dia em que a yield dos títulos de dívida portuguesa a 10 anos deu pela primeira vez um sinal negativo. Um marco impensável há poucos meses, que resulta da política monetária ultra-expansionista conduzida pelo Banco Central Europeu. Por coincidência, este marco foi alcançado no dia em que o Orçamento do Estado foi aprovado em votação final global.

No fechamento da sessão, a rentabilidade dos títulos do governo era de 0,003%, queda de 1,2 pontos base em relação ao dia anterior. A metade do rendimento atingiu -0,001%, pelo que os investidores concordaram em pagar para comprar dívida portuguesa que só será reembolsada dentro de 10 anos. Essas taxas são as praticadas no mercado secundário, onde os investidores trocam dívidas entre si. Até agora, Portugal nunca conseguiu se financiar com taxas de emissões negativas a 10 anos.

A sessão viu um declínio na dívida soberana europeia, com a taxa do pacote em 10 caindo 1 ponto base para -0,59%.

Esta evolução ocorre num dia em que os investidores voltam a recorrer a ativos de refúgio, como a dívida soberana de alguns países do euro, o que leva a um aumento das obrigações e, consequentemente, a uma diminuição das taxas de juro.

A queda abaixo da barreira de 0% é o culminar de uma série de sessões decrescentes, que foi impulsionada pela vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, e comum à maior parte da dívida soberana na zona do euro. Paralelamente, as obrigações têm beneficiado dos programas de compra de ativos do Banco Central Europeu, que têm garantido liquidez ao mercado.

“Além disso, a oferta de títulos do Tesouro deverá diminuir no próximo ano, de modo que a emissão líquida de OT será negativa (emissões líquidas, deduzindo resgates e compras do BCE da oferta)”, explicou o analista-chefe da Danske. Banco, Jens Peter Sørensen, para Negócios. Para Sørensen existe mais um factor para puxar pela dívida portuguesa: os fundos garantidos pelo programa europeu SURE (Apoio para mitigar Riscos de Desemprego em Emergência) e as garantias do Fundo de Recuperação irão apoiar a economia e podem reduzir ainda mais a emissão de novos títulos.

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