Dunga, subestimado. Por causa de nós mesmos e da nossa maneira de assistir futebol – Blog para André Roch

Foto: Reprodução da TV Globo

Em 1983, Dunga era o campeão mundial de juniores (menos de 20 anos). Ele completaria 20 anos em outubro daquele ano, mas já havia mostrado a liderança, apesar de o capitão ser o zagueiro de Boni.

Mas chamou a atenção mesmo para a capacidade de marcar. Como Geovani e Gilmar Popoca eram basicamente meias criativas e o ataque foi formado por Mauricinho, Marinho Rã e Paulinho, sem “conselhos falsos” para ajudar a trabalhar sem a bola, Dunga ficou na frente da defesa, lutando, dando o carrinho.

Volante sério, enchia seus companheiros de equipe o tempo todo. Embora ele fosse muito jovem, seu rosto estava sempre fechado, também devido à máxima concentração no jogo, ele começou a criar no imaginário popular a imagem de “bravo”. Como ele estava apenas marcando pontos, ele era do tipo “serviço sujo”. “Brucutu” ou “carregador de piano”.

Mesmo se eu já tivesse um bom cachorro e um tiro forte, eu preciso de uma distância média / longa. Uma virtude que aparecerá mais na seleção brasileira que conquistaria uma medalha de prata em 1984 nas Olimpíadas de Los Angeles. Ele joga como outro meio-campista, na frente do meio-campista Ademir. Então ele marcou dois gols para o time de Jair Picerni que o Internacional tinha como base.

Do clube gaúcho, foi para o Corinthians, que arrecadou dinheiro com a venda de Sócrates à Fiorentina. Ele ajudou na campanha paulista de recuperação de 1984, que não impediu o título de Serginho Chulap de Santos, mas entregou fibra e foi a espinha dorsal do ambiente que Arturzinho, Biro Biro e Zeno tinham.

Ele continuou a vencer equipes em seu curto período de Vasco, que vem de Santos. Em 1987, foi a primeira vez que esse escritor viu Dunga no estádio. Além do desarmamento, o número cinco exigia que seus colegas Geovani e Tito, que completaram o meio-campo no time de Joel Santan, e mais Mauricino, Robert Dinamite e até o jovem Romári, retornassem ao campo e fizessem a primeira partida. Que ele vem de trás para roubar a bola. Então, ele ganhou a Copa Guanabara e fez parte da campanha pelo título estadual.

Dunga seguiu o caminho natural dos então grandes jogadores. Inicialmente em Pisa e depois na Fiorentina, onde ficou de 1988 a 1992. Durante esse processo, ele foi o campeão da Copa América em 1989 e tornou-se o titular absoluto da seleção na Copa de 1990.

Foi aqui que a via-crucis começou. Para elogiar o profissionalismo do jogador, o técnico Sebastião Lazaroni cunhou o termo “Era Dunga”. O impacto na imprensa e nos fãs foi imediato. Porque foi contra a cultura do futebol brasileiro. “Como é que uma equipe com os talentos de Careca, Bebeto, Romário, Jorginho, Mauro Galvão e Branco tem como símbolo uma roda de marcadores?”

Acrescente a isso a escolha de um sistema de três defensores visto “para trás” e entrada no meio-campo alemão, além de um jogador com características de volante, e também tínhamos um fogão sob pressão para explodir. A seleção foi vista como “européia” e a luta por prêmios, com jogadores cobrindo o símbolo do patrocinador da CBF com as mãos na foto oficial, alimentando a imagem do “mercenário”.

Ele é um time intenso e dedicado em campo, com uma sugestão ofensiva. Os três defensores soltaram as alas, apoiadas pelos médios Alemão e Valdo, que tentaram alimentar a dupla Muller-Carec na frente. Dunga distribuiu o jogo por trás e conseguiu terminar. Foi um dos melhores eventos da melhor atuação brasileira na Copa do Mundo que foi disputada na Itália: na 16ª rodada contra a Argentina, em Turim.

Mas o flash de Maradona servindo Caniggio jogou tudo no chão. Muitas chances perdidas tiveram um grande preço. Dunga mandou a bola com a cabeça no poste no primeiro tempo, mas o gênio argentino a marcou no gol que definiu a eliminação precoce, e o meio-campista se tornou um símbolo dessa falha.

A injustiça foi retificada por Carlos Alberto Parreira em 1993. Um pouco à força, quando o técnico da seleção tentou inicialmente montar um meio-campista com volante, Mauro Silva e três volantes – Luis Henrique, Raí e Elivelton. Depois, houve uma demanda por mais futebol “brasileiro”.

Quando Dunga se restabeleceu como a propulsora de Mauro Silva, as críticas se tornaram fortes. Como esse “gordo” toca “oito”? No brasileiro Didi, Gerson, Rivelin, Falcãou e Sócrates, que foi considerado uma falta, uma falta contra o futebol do então tricampeão mundial.

Na prática, Dunga foi o melhor transeunte e jogador que fez o time jogar. Eles estão procurando os atacantes Bebeto e Muller e depois Romário. Ou uma reversão para combinações entre os lados e as meias. Passes curtos e longos. “Prato” ou trivela. Bom repertório, mesmo sem elegância e plasticidade.

Mas Dunga era um meio-campista, ele não conseguiu estabelecer uma equipe nacional. E ele era um símbolo de derrota, ele poderia “ser infeliz” novamente. Estereótipo e superstição sem olhar para o que estava acontecendo no terreno. Nada mais brasileiro.

Dunga mudou o jogo e é um dos momentos mais importantes na conquista do tetra nos Estados Unidos. Ele tinha a personalidade de fazer o último pênalti brasileiro antes de Baggio mandar as chances da Itália para as nuvens. Era importante, mesmo nos bastidores, administrar a indisciplina de Romar, seu companheiro de quarto.

Na hora de levantar o troféu como capitão, acontece. Justo, mas acabou sendo desproporcional por causa dos muitos palavrões. Ao contrário da alegria serena de Bellini, Mauro e Carlos Alberto Torres em suas conquistas anteriores. As equipes questionaram e criticaram as equipes, mas nenhum capitão quis se vingar em um momento de êxtase.

Dunga foi queimada para sempre. Sem um título alvo na final marcou a seleção criticada. Ferido, Dunga desnecessariamente começou a expulsar o time de 1982. Pragmático, ele não sabia como um time perdedor poderia se orgulhar mais do que o time vencedor. Ele comprou brigas tolas, alimentadas com relutância.

1998. luta com Bebet durante uma partida contra o Marrocos. Ele grita, jura, até mesmo um leve cabeçalho em um companheiro de equipe. Durante uma partida pacífica ainda na fase de grupos da Copa do Mundo na França. Só porque o atacante veterano voltou lentamente para ajudar a marcar. Por quê?

Com mais uma derrota, desta vez na final para a anfitriã, mais críticas. Terminar um ciclo que aos 34 anos era mais do que vencedor, mas cercado de controvérsia e ódio. De Dunga, muitos jornais e multidões. O título de 2002, com os mesmos três defensores e dois médios com características de meio-campo – Gilbert Silva e Kléberson – não atraiu tantas críticas à defesa. Por fim, Rivaldo estava à frente e o time de Ronaldo e Felipão venceu em sete jogos, mesmo com dificuldades óbvias e alguns “assobios amigáveis”.

Ele encerrou sua carreira salvando o Internacional do rebaixamento, com um gol contra o Palmeiras em 1999. Mas a maioria, além do Colorado, até se lembra do drible humilhante do garoto Ronaldinho Gaúch, do Grêmio. Os golpistas de Dunga também se lembram de sua carreira sem grandes conquistas e os principais clubes do exterior que o menosprezariam, mas na época ir para a Europa significava dinheiro, prestígio e mais chances para a equipe. O serviço de seleção foi o principal objetivo dos brasileiros.

E foi o suficiente que o escritor das Canárias falhou em 2006, e ainda assim Parreira e a equipe acusaram de pouca dedicação e nenhuma liderança se lembrou de Dunga. Incapaz de “sargento” Scolari, a serviço de Portugal, a CBF inventa o capitão do tetra como treinador. E muitos o apoiaram na época. Para um líder que estava xingando e gritando, seria importante para um “pulso firme” controlar as estrelas. Outro estereótipo tipicamente brasileiro.

Ele venceu a Copa América e a Copa das Confederações, por isso terminou na liderança nas eliminatórias. Mas, novamente, eles brigam com jornalistas, declarações hostis, incitam uma atmosfera de tensão que só piorou o meio ambiente. Com o objetivo de explicar as ausências de Neymar e Ganso, ele responde cheio de veneno para justificar a ligação que chegou do lado de fora do forte time titular.

Outro obstáculo, outra execução pública. Renúncia e retorno em 2014, apagar o fogo novamente. Desta vez, 7 a 1. Com apenas uma experiência no comando técnico do clube, na Internacional 2013. Um pouco mais calmo e mais sorridente ao lidar com jornalistas e aparições públicas. Mas havia falta de conteúdo e a eliminação da Copa América Centenário encerrou o ciclo.

Muitas coisas positivas nesses 31 anos a serviço da equipe nacional podem ser lembradas, mas acabam sendo enterradas em questões menores. A responsabilidade do jogador e do treinador, seu temperamento inexorável, inexorável, sem compromisso. Tratada como virtude quando se adequa à cultura do futebol brasileiro. Ele tinha que ser um “general”, mas não ousava querer se destacar como jogador. Esse era o papel dos mais hábeis, malemolentes e criativos. Ele era “europeu”, vestindo uma camiseta verde e amarela.

Dunga fazia parte da equipe da FIFA em duas Copas do Mundo: 1994 e 1998. O melhor passante nos Estados Unidos – 589 exatamente, logo atrás de Xavi em 2010 na história do mundo – e um dos mais eficazes na vice-campanha, quatro anos depois. Mas poucos se lembram. Porque Dunga é um dos jogadores mais respeitados da história. Por causa dele e da maneira brasileira de assistir futebol. Pluma.

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